segunda-feira, 23 de agosto de 2010

No Verão secam montes e fontes


Diz o provérbio que no Verão secam os montes e as fontes. De facto assim tem sido. Temos assistido a inúmeras ondas de calor que, provocando temperaturas elevadas, têm dado origem a centenas e centenas de incêndios.
Temos ouvido de responsáveis ou daqueles que têm tido intervensão directa nos incêndios variadíssimas opiniões das causas que têm dado origem: altas temperaturas; interesses individuais; mãos criminosas; comportamento inadequado das populações,etc,etc.
Creio não estar longe da verdade ao afirmar que há outra razão, talvez a mais consistente.
Vejamos. Ao longo de várias gerações, as propriedades herdadas, foram sendo divididas de forma a contemplar os vários filhos que a maioria dos casais tinham nessas épocas. Essas divisões, contribuiram para milhares de pequenas parcelas, impossibilitando quase sempre uma gestão rentável.
A desertificação, o absentismo, bem como a emigração, contribuiram para que a maioria dessas pequenas courelas se transformassem em floresta expontânea, sempre carregada de uma enorme manta de combustível para a propagação dos incêndios.
Paralelamente, os grandes lobbis das celuloses e indústrias de aglomerados, foram comprando por tuta e meia, centenas de milhares dessas propriedades, transformando-as em florestação de espécies aceleradoras do fogo, como pinheiro bravo e eucalipto.
Mas temos sobretudo, uma mancha florestal sem ordenamento, uma desertificação do meio rural e absentismo da maioria dos proprietários, por impossibilidade de uma exploração conveniente e rentável.
Não mais voltaremos a ver os montes, ladeiras e vales, despejados de mato, pinhos e eucaliptos, que vieram substituir os olivais, os montados de sobreiros e azinheiras, bem como os soutos de castanheiros.
Dizem que é o progresso...!!!.


(imagem daqui)

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